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pavilhão expo osaka

 

Pavilhão do Brasil - Expo Osaka

“Só escuto os sapos tooro e as rãs krouma chamando a chuva na floresta. Só escuto o sussurro das folhas no vento e o estrondo dos trovões no céu.”

Davi Kopenawa. A queda do céu

 

 “No úmido, surge o que vive.”

Goethe. Fausto, Parte 2

 A vida aérea em sua riqueza de experiência é a imersão proposta no Pavilhão do Brasil para a Expo 2025 em Osaka, e a sofisticação do invisível, seu interesse de investigação. De que maneiras o meio aéreo em que vivemos se conforma? Como ele pode nos afetar, nos instigar, nos provocar para uma postura perante a vida? A atmosfera, na ideia síntese do ar, é apresentada aqui como o campo que permite a leveza da expressão, do soltar-se, o encontro da liberdade, a diversidade de informações apreensíveis para quem se permite conectar com os demais elementos viventes ou presentes nesse meio. O ar que é provedor da vida. O o ar que, como ela, inspira cuidados.

População urbana, povos indígenas, quilombolas, ribeirinhos vivem diferentes relações com as informações que o meio aéreo oferece a quem conhece sua linguagem. Antecipação, reverência, respeito ao inexorável estão colocados: contra o tempo e as leis da física em geral, pode haver recursos, mas não há negociação. Pairar surge como verbo e alternativa.

É passada a hora de valorizar aqueles capazes de captar e responder à dinâmica do aéreo e da vida, de forma geral. Os povos originários e as comunidades rurais detêm perspectivas complexas e de muito conhecimento acumulado, às quais a ciência hoje busca se somar. Precisamos da capacidade de considerar o invisível e de jogar com ele. Empoderar a vida é cuidar daqueles que a percebem em sua unidade – multiforme e interconectada –, é aprender com eles. Que isso ocorra em um contexto de exposições universais é uma inversão de paradigmas não somente justa, como necessária. O que antes era exótico, hoje aparece como visionário.

No sentido da energia que o termo power também sugere, novamente a observação e o aproveitamento dos ciclos naturais se destacam. O Brasil tem muito a contribuir no campo das energias renováveis, não apenas pelo uso já em curso de seus recursos naturais (profícuos na geração de energia hidrelétrica, eólica, solar e nos biocombustíveis), como pela voz relevante que possui no cenário de pesquisa na área.

A proposta arquitetônica para o Pavilhão Brasileiro na Expo Osaka 2025 oferece ao visitante uma experiência estésica: o espaço expositivo remete à troposfera brasileira, ambiente no qual múltiplos fenômenos (a neblina, a ventania, o céu estrelado, os rios voadores) se intercalam numa dança que reverencia o poder da vida. O espaço foi desenhado como um grande salão circunscrito, que flutua sob uma pele transparente, um metro acima do chão. No setor central do salão, um óculo permite a circulação controlada do ar, a entrada de raios solares e a observação do céu.

Dentro desse espaço, o visitante é convidado a deitar-se, olhar para cima e contemplar o invisível. Em meio à densidade informacional da Expo, o pavilhão brasileiro oferece ao visitante a possibilidade do descansar, tecnologia ancestral e indispensável.

O jogo óptico resultante da interação entre as duas superfícies (o volume interno e a pele), com diferentes graus de transparência e translucidez e sob diferentes intensidades luminosas, cria situações em que os espectadores no interior ora se veem refletidos e ora olham para fora. Simultaneamente, quem está fora do pavilhão não observa de imediato os eventos no interior do espaço, condição que desperta a curiosidade e instiga o adentrar.

Arquitetura: Ben-Avid+Canoa Arquitetura | Mario Moura; Martin Benavidez; Victor Gurgel.

Equipe: Facundo Rasch; Seizen Uehara; Stefanía Casarin; Alen Gomez; Juan Pablo Porco; Giovanni Mario Pemintel; Emanuel Polito; Gabriel Paraizo.

Expografia: Beá Meira; Thais Gurgel.

Estrutura: Andrea Yamasaki

Mobiliário: Gerson de Oliveira

Local: Osaka, Japão

Área: 3137m²